Publicado em 31.01.2024
Universal Music Group avisa que retirará músicas do TikTok após o vencimento do acordo

A Universal Music Group, uma das maiores empresas musicais do mundo, anunciou que não conseguiu chegar a um novo acordo com a TikTok sobre questões que incluíam a remuneração de artistas e a inteligência artificial (IA), afirmando que a TikTok tentou “intimidar” a UMG para fechar um acordo com um valor inferior ao pacto anterior. Como resultado, a Universal Music declarou que não licenciará mais conteúdo para o aplicativo.

A UMG informou que seu acordo com a TikTok expirará em 31 de janeiro. “As empresas não chegaram a um consenso sobre os termos de um novo acordo e, após o vencimento do contrato atual, a Universal Music Group, incluindo o Universal Music Publishing Group, cessará a licença de conteúdo para os serviços TikTok e TikTok Music“, afirmou a empresa em comunicado.

O TikTok não forneceu comentários imediatamente. Propriedade do conglomerado de internet chinês ByteDance, o TikTok é um aplicativo de vídeo curto extremamente popular cujos recursos principais permitem aos usuários criar e compartilhar vídeos usando músicas licenciadas e outros sons.

Artistas das gravadoras da Universal Music Group incluem Taylor Swift, Bad Bunny, Sting, The Weeknd, Alicia Keys, SZA, Steve Lacy, Drake, Billie Eilish, Kendrick Lamar, Rosalía, Harry Styles, Ariana Grande, Justin Bieber, Adele, U2, Elton John, J Balvin, Brandi Carlile, Coldplay, Pearl Jam, Bob Dylan e Post Malone.

Três anos atrás, em fevereiro de 2021, a UMG promoveu um acordo global com a TikTok que afirmava “oferecer uma compensação equitativa para artistas e compositores e expandir e melhorar significativamente o relacionamento existente entre as empresas, promovendo o desenvolvimento de novas experiências inovadoras”.

Na terça-feira, a UMG publicou uma carta aberta “à comunidade de artistas e compositores” com o título “Por que devemos dar um tempo no TikTok”.

Na carta, a gravadora chamou o TikTok de “uma plataforma cada vez mais influente, com tecnologia poderosa e uma enorme base de usuários em todo o mundo”. A UMG afirmou que, durante as discussões sobre a renovação do contrato com o TikTok, “eles pressionaram em três questões críticas – compensação adequada para nossos artistas e compositores, proteção dos artistas humanos contra os efeitos nocivos da IA e segurança online para os usuários do TikTok“.

Em relação à remuneração de artistas e compositores, a TikTok “propôs pagar aos nossos artistas e compositores uma taxa que é uma fração da taxa que as principais plataformas sociais em situação semelhante pagam”, de acordo com a carta da UMG. Como uma indicação de “quão pouco o TikTok compensa artistas e compositores, apesar de sua enorme e crescente base de usuários, do rápido aumento das receitas publicitárias e da crescente dependência de conteúdos baseados em música, o TikTok representa apenas cerca de 1% de nossa receita total“.

Em última análise, a TikTok está tentando construir um negócio baseado na música, sem pagar um valor justo pela música“, disse a UMG na carta.

Em relação à questão da inteligência artificial, a TikTok “está permitindo que a plataforma seja inundada com gravações geradas por IA – bem como desenvolvendo ferramentas para permitir, promover e encorajar a criação musical de IA na própria plataforma – e depois exigindo um direito contratual que permitiria que esse conteúdo diluísse enormemente o conjunto de royalties para artistas humanos, em um movimento que nada menos é do que patrocinar a substituição de artistas pela IA”, disse a UMG.

Além disso, de acordo com a Universal Music, o TikTok “faz pouco esforço para lidar com a grande quantidade de conteúdo em sua plataforma que infringe a música de nossos artistas e não ofereceu soluções significativas para a crescente onda de problemas de adjacência de conteúdo, muito menos para a maré onda de discurso de ódio, intolerância, intimidação e assédio na plataforma.” A gravadora alegou que o único meio disponível para buscar a remoção de conteúdo infrator ou problemático (como deepfakes pornográficos de artistas) é “através do processo monumentalmente complicado e ineficiente que equivale ao equivalente digital do Whac-a-Mole“.

Segundo a UMG, quando propôs que o TikTok tomasse medidas semelhantes às de outros parceiros de plataformas digitais para tentar resolver estas questões, “respondeu primeiro com indiferença e depois com intimidação”.

À medida que nossas negociações continuavam, a TikTok tentou nos intimidar para que aceitássemos um acordo de valor inferior ao anterior, muito menos do que o valor justo de mercado e não refletindo seu crescimento exponencial“, escreveu a UMG. Alegou que a TikTok tentou intimidar a empresaremovendo seletivamente a música de alguns de nossos artistas em desenvolvimento, enquanto mantinha na plataforma nossas estrelas globais que impulsionam o público“.

As táticas da TikTok são óbvias: usar o poder de sua plataforma para prejudicar artistas vulneráveis e tentar nos intimidar para que concedamos um mau acordo que subvaloriza a música e engana artistas e compositores, bem como seus fãs“, disse a UMG. “Nunca faremos isso. Sempre lutaremos pelos nossos artistas e compositores e defenderemos o valor criativo e comercial da música.”

A empresa acrescentou: “Honramos nossas responsabilidades com a maior seriedade. Intimidações e ameaças nunca nos farão fugir dessas responsabilidades.”

Fonte: Variety

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