Prometemos sinceridade na nossa primeira coluna e com base nisso já informamos que não terá conclusão este texto. A ideia é muito mais jogar informações para pensarmos juntos do que encerrar o assunto.
Dia 31 de outubro é comemorado o Halloween, mas também é o dia de comemoração do Saci e no dia 28 de outubro vimos um tweet defendendo que um projeto revolucionário deveria acabar com a inundação de filmes estrangeiros no cinema em defesa de um cinema nacional e consequentemente da cultura nacional. Questionamos então qual modelo o dono do tweet defendia. Não tivemos resposta, acreditamos que nossa mensagem não deve nem ter sido lida visto o volume de respostas. Como não somos egoístas optamos então por trazer esse questionamento para vocês e deixá-los também sem reposta.
O debate sobre a desproporção entre produções nacionais e internacionais nos cinemas não é novidade, talvez tenha se acentuado este ano com o fenômeno “Homem-Aranha: Sem volta para casa”, mas não é novidade. Já queremos trazer o primeiro ponto de reflexão aqui. Nossos cinemas não são inundados de produções internacionais em si, mas sim de produções Hollywoodianas. A questão não é o desprezo pelo nacional por si só, mas muito mais um apego às produções norte-americanas. Reflexo histórico de um período pós-Guerra Fria? Com certeza, mas o problema está aí e o que fazer em relação a isso?
A proposta que mais escutamos ou lemos é a defesa de uma porcentagem mínima de salas com produções nacionais, mas isso resolveria mesmo o problema? Se por um lado você garantiria que as produções nacionais seriam levadas para as salas de cinema, por outro você não pode garantir que obrigatoriamente as pessoas irão vê-las. Como garantir então que as sessões sejam mantidas mesmo se não atingirem um público mínimo? A lei de reserva deveria garantir também um período mínimo ou ainda uma quantidade mínima de sessões? Teria então subsídio governamental para garantir essas sessões e os donos das salas de cinema não terem prejuízo? Deveria ter esse subsídio? Lembrando que nem todas as cidades são como as principais capitais do país com shoppings contendo várias salas.
Talvez a reserva seja mesmo necessária, mas entendemos que é importante a construção de um público consumidor o que obrigatoriamente passa por incentivo a cultura nacional. É preciso criar o hábito da população consumir o conteúdo. Não adianta falar que o cinema nacional não produz, posso te garantir que toda semana chega em nosso e-mail mensagem sobre alguma produção nacional nova. Também não adianta dizer que as produções não prestam, simplesmente por não ser a verdade.
Um determinado candidato a presidência este ano defendia que as emissoras deveriam ter um espaço para as produções regionais de onde elas estivessem instaladas, excluindo claro os jornais regionais. De nossa parte parece uma boa sugestão, reforçar as manifestações culturais nacionais e regionais e aumentar as possibilidades de que a população consuma e consiga descobrir o que realmente gosta ou não. O que só é possível se as pessoas conhecerem, mas talvez nunca saibamos.
Falando ainda de arte nacional o desenho do Saci usado na imagem do topo é da artista Naiara Lisboa.
Escreve aqui nos comentários o que você acha sobre o assunto. Valeu, até a próxima.
Continue nos acompanhando pelas redes sociais
Instagram | Youtube | Twitter