Publicado em 16.11.2022
Sobre a Fase 4 da Marvel no cinema (ou não caia no papo do nerdola)

Nerdola –  Pessoa inconveniente que se acha dono de algum conteúdo específico da cultura pop ou de toda ela. Geralmente apresenta dificuldades de se relacionar com pessoas que não pensem como ela. Em alguns casos, não em todos, o nerdola pode ainda ser uma pessoa preconceituosa ou repetir discursos preconceituosos sem perceber.

A Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel chega ao seu fim com o bom Pantera Negra: Wakanda para Sempre, então vamos aproveitar a oportunidade para falar um pouco sobre ela.

A fase que se encerrou agora tinha a difícil missão de saciar o insaciável, toda a legião de fãs que viveram as duas produções Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, dois marcos do cinema. Ou pelo menos era isso que esses mesmos fãs esperavam, creio que dentro da Marvel em si, eles sabiam que não teria como e nem queriam fazer algo tão grandioso.

A missão da Fase 4 era “basicamente” reorganizar o tabuleiro para o futuro: apresentar o multiverso, viver o luto pelas perdas e apresentar novos heróis, alguns deles substitutos dos Vingadores originais. E nisso foram bem eficientes, o multiverso mal ou bem está aí, as dores das perdas foram expurgadas, incluindo a perda inesperada de Chadwik Boseman, e com mais ou menos qualidade América Chavez, Cavaleiro da Lua, Condessa Allegra de la Fontaine, todos os Eternos, Jennifer Walters, Kate Bishop, Khamala Khan, Lady Thor, Lobisomen, as inúmeros versões do Loki, Namor, Shang-Chi e Yelena Belova e foram estabelecidos, isso sem contar os inúmeros coadjuvantes que foram apresentados.

Porém, existiu uma outra questão que foi trabalhada: A diversidade. Ela nunca esteve tão escancarada nas outras fases como na Fase 4 e isso incomoda. Incomoda uma parcela pequena, porém maior do que deveria ser já que não deveria existir, e barulhenta. Infelizmente, para alguns uma personagem feminina que não se baseie em alimentar fetiches não serve, a representação de culturas que não estejam baseadas no caucasiano também, personagens que fujam da heteronormatividade então é o diabo na Terra e não é do Mephisto que estou falando aqui.

O que queremos dizer com tudo isso é que as produções da Fase 4 apresentaram falhas, algumas grotescas, sim efeitos especiais de She-Hulk é de você que estou falando, mas ela está muito longe de ser a pior fase e é preciso que nos questionemos se muitas das vezes não nos deixamos levar por discursos que se aproveitam de um fato verdadeiro para inflar agressões a qualquer tipo de representatividade.

Movimentos organizados preconceituosos apresentam articulação e tentam defender suas ideias nos mais diferentes campos, muitas vezes de maneira ostensiva, mas em muitos outros de maneira mais sútil. Repare que não é necessário atacar diretamente o que incomoda em si, mas esvaziar a produção escolhendo um ponto que pode não ter necessariamente relação. Se uma personagem feminina é forte na produção, se ataca o roteiro ou os efeitos especiais de maneira muito maior que o justificado e a Marvel falha em dar munição para essas críticas. Se você tem um personagem negro se ataca o número de episódios. Se você tem personagens homossexuais se diz que o filme dá sono ou faz piada demais.

Claro que você pode não gostar e deve criticar. Não é sobre isso que estamos falando aqui, nossa conversa de hoje busca chamar a atenção para que você sem querer não entre no papo de uma galera que muitas das vezes usa o discurso de “na minha época não era assim” quando a época a que ele se refere é a da escravidão ou da inquisição.

Escreve aqui nos comentários o que você acha sobre o assunto. Valeu, até a próxima.

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