Publicado em 20.09.2022
Por uma Úrsula Roxa!

Entendemos que a representatividade é importante, mas é preciso respeitar os clássicos, sendo assim consideramos normal e nada prejudicial pedir que nossa infância seja respeitada.

Não questionamos também a qualidade e talento de Melissa McCarthy excelente atriz e produtora, mas se olhamos para ela claramente percebemos que a pele dela não tem nada a ver com a da personagem original. 

É preciso entender que A Pequena Sereia, assim como tantos outros clássicos da Disney, formou o caráter e foi responsável pela infância de muitas pessoas que hoje não se sentem representadas pelo fato da atriz que interpretará a grande vilã e talvez uma das maiores vilãs dos desenhos animados não ser da mesma etnia que a personagem. Não estamos nem falando do fato dela não ter tentáculos e seu total de membro ser apenas quatro, isso os efeitos especiais corrigem. Repetimos para deixar claro que nossa opinião não é baseada no preconceito, mas os Clássicos Disney não são clássicos atoa. A representatividade é importante, mas não podemos deixar ela acabar com as obras já consagradas.

Absurdo, não? Pois é isso que acontece hoje com a produção de A Pequena Sereia. Em meio a um purismo incompreensível que nem as obras dos estúdios Disney têm o hábito de seguir em seus clássicos, o preconceito velado se manifesta as vezes em comentários despretensiosos ou as vezes em manifestações mais evidentes, como o anormal número de dislikes que o teaser da produção lançado na D23 recebeu. Tecnicamente, a qualidade do teaser está excelente, o tempo de duração é o padrão para teaser, resta unicamente o descontentamento com a Ariel negra.

Nesta altura do campeonato achamos importante lembrar, mesmo sendo óbvio, que sereias não existem, sendo assim não há nada que impeça a atriz que vai interpretá-la de ser negra. A história do original não está atrelada a cor da pele da sereia, então não começa com o argumento “queria ver se o Pantera Negra fosse branco”. “Mas a história se passa na região tal, então o fato dela ser ruiva está relacionado com a região.” Só ela é ruiva no desenho, estava todo mundo errado e só ela estava desenhada de maneira correta.

Por mais que se busque caminhos para explicar, nenhum deles realmente explicam, a não ser o preconceito. (Preconceito que envolve também uma certa série sobre Anéis de Poder e uma protagonista feminina forte “que não é assim no original” ou elfos que também “não podem ser negros”. Aguardamos ansiosos o protesto por barbas nas anães.)

Elizabeth Taylor, branca de olhos azuis, interpretou Cleópatra a líder de um país africano, 1963. Sean Connery tem seus olhos esticados em Com 007 Só Se Vive Duas Vezes para se infiltrar entre os japoneses, 1967. Acelerando a passagem do tempo Johnny Depp interpretou o indígena Tonto em O Cavaleiro Solitário, 2013. E voltamos a Cleópatra agora interpretada por Gal Gadot, com previsão para 2023/24. A alteração de etnias dos personagens sempre ocorreu, mesmo em personagens históricos, mas agora ocorreu no sentido inverso do que foi normalizado. Em alguns casos mesmo o sempre precisa ser interrompido.

Esperamos vocês no nosso encontro de protesto contra Melissa McCarthy uma atriz branca interpretando uma personagem roxa.

Valeu, até a próxima.

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