Publicado em 19.07.2023
O Barbenheimer existe mesmo?

O cinema internacional tem acumulado fracassos de bilheterias em 2023.

Filmes que deveriam levar as massas as salas de cinema mal estão se pagando ou estão com boas bilheterias, mas aquém do esperado. Quem nos acompanha lá no canal nos viu dizendo que Tom Cruise iria salvar o ano com o seu Missão: Impossível Acerto de Contas Parte 1, mas podemos ter errado.  Não por deméritos do filme de Ethan Hunt, mas pela onda trazida pelas produções Oppenheimer e principalmente Barbie.

Tem tempo que duas obras tão esperadas não competiam pela atenção do público no dia da estreia, os próprios estúdios têm evitado esse tipo de situação. Para que competir se é possível compartilhar, não é mesmo? Mas essa semana será diferente, no mesmo dia estrearão o filme da bomba e o filme da boneca.  A competição está tão estranha que lá fora as cabines de imprensa foram no mesmo dia, aqui pelo Brasil foram em dias diferentes, felizmente. (Inclusive, tem vídeo sobre os dois lá no canal.)

Interessante observar que teoricamente os filmes não deveriam competir, de um lado a biografia do “Pai da Bomba Atômica” e do outro a boneca mais famosa do mundo descobrindo o mundo real. Mas foi justamente nessa diferença que os dois cresceram juntos e ousamos dizer que o filme do cara da bomba foi levantado pelo filme da boneca. A inesperada disputa entre as diferentes produções criou comentários como “nossa, vai estrear o filme da Barbie e no mesmo dia o da bomba atômica”. Pode parecer estranho para alguns e talvez até ofensivo, mas Oppenheimer deve à Barbie parte da atenção que recebeu.

Críticos e cinéfilos têm expectativas muito grandes sobre o novo filme do Nolan em que ele recriou o impacto explosivo do teste da bomba atômica em uma produção recheada de atores e atrizes cuja participações em alguns casos é inesperada assim como eles têm expectativas sobre como Greta Gerwig irá criar o mundo de Barbie em uma produção também recheada de atores e atrizes cuja participação em alguns casos também é inesperada. Mas o povão, a galera que sustenta mesmo as bilheterias, está procurando uma peça de roupa rosa para poder ir assistir o filme da boneca desde que Margot Robbie foi anunciada encabeçando o projeto, mesmo sem termos a noção exata do que o roteiro nos traria.

Oppenheimer tem três horas de duração enquanto Barbie tem menos de 2 duas. O primeiro é um filme deprimido e sobre morte, enquanto o segundo é alegre e sobre a vida. Curiosamente os dois vão debater questões morais e sociais e podemos afirmar tranquilamente que o filme rosa faz isso melhor do que o filme cinza. De um lado Cillian Murphy triste do outro Ryan Gosling sem camisa. Qual lado vocês realmente acham que irá chamar atenção da galera? Uma dica, a Warner divulgou a informação da quebra do recorde de pré-venda dos ingressos para Barbie em nosso país superando Batman e Animais Fantásticos. (Sobre a última comparação não nos julguem, não definimos as regras só estamos mostrando.)

É provável que o embate entre os dois demore e tenha uma parte dois, afinal as chances de se encontrarem no Oscar não são poucas. Isso mesmo, Barbie tem potencial de Oscar tanto nas categorias técnicas quanto nas categorias mais badaladas. Em relação a disputa na bilheteria é bem provável que Barbie ganhe de lavada. Esperamos estar errados, não por estar torcendo por um outro ou por outro, mas por torcermos pelo cinema e pela sua recuperação que não ocorreu desde a pandemia.

Barbie tem mais um trunfo, um trunfo lamentável na verdade, mas até no marketing de ódio a boneca ganha. Enquanto no filme do Nolan muitos vão criticar uma tentativa de libertar o responsável pela equipe que criou as bombas que dizimaram duas cidades japonesas, além claro, de ser mais uma exaltação à capacidade bélica e científica dos EUA. Barbie aponta o dedo para questões como misoginia, patriarcado, sororidade e tudo que permeia estas questões. Em outras palavras incels e redpills provavelmente atacarão o filme como não vemos tem um tempinho e esse boca a boca tóxico é ruim para a sociedade, mas para a bilheteria pode ser sinônimo de mais dinheiro entrando.

Podemos e queremos estar errados, mas talvez Barbenheimer seja apenas Barbie e o filme do cara da bomba atômica. Tomara que entre dinheiro para os dois e o cinema ganhe um novo fôlego com o Barbenheimer acompanhando o Missão: Impossível. Mas e se o Barbenheimer for apenas mais um exemplo do que o filme da Barbie discute?

Concorda conosco? Escreve nos comentários a sua opinião e valeu, até a próxima.

(A arte da capa é uma adaptação da arte de Jon Attfield.)

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