Na última segunda, 17 de abril, terminou a votação pela autorização de uma possível greve realizada pelo Writers Guild of America – WGA o Sindicato dos Roteiristas dos EUA. O resultado foi pelo SIM em uma maioria que não tem como questionar, 97,85% dos 9.218 inscritos no sindicado.
A greve não é certa ainda. Como dito, a votação foi pela autorização do Sindicato declarar a greve caso as negociações não caminhem bem até 1º de maio, dia em que espera-se ocorra a renovação da negociação coletiva. Se o acordo não acontecer, para tudo. E aí é tudo mesmo, como seguir uma produção sem roteiro? Como fazer a pré-produção se você não sabe o que vai precisar ou como escolher ator se você não sabe o que o personagem pede.
Algumas produções como Barbie, Oppenheimer, As Marvels, The Flash ou até mesmo Superman: Legacy que o James Gunn acabou de terminar o roteiro estão fora de perigo. (Aquaman está em perigo, mas por tudo que envolve a produção e a sua misteriosa não divulgação.) O perigo é para produções futuras e vale lembrar que a greve não é para roteiristas de cinemas, isso inclui roteiristas de novela, conteúdo digital, agências de marketing etc. Até porque na teoria não existe essa divisão. Então a sua série preferida da tv ou do streaming podem ser paralisadas também.
Na última greve, que começou em 2007 e terminou em 2008, séries como Grey´s Anatomy e CSI foram interrompidas, por exemplo. E na possível greve de 2023 os streamings têm papel importante.
Os principais motivos da possível greve são três: achatamento do valor dos pagamentos, associados à redução do número de episódios e a perda do resíduo. Resíduo é um valor recebido pelo roteirista quando uma série que ele escreveu é retransmitida. Quem promoveu a moda de redução do número de episódios? Os streamings. Quem não tem retransmissão de série porque uma vez liberada ela fica lá para sempre e consequentemente não paga o resíduo? Os streamings.
Que a Netflix, principalmente, Disney Plus e a rebatizada Max causaram uma revolução é inegável, mas toda revolução tecnológica traz algum tipo de impacto para a sociedade. Seja nos seus hábitos, como “quase” todo mundo ter um streaming para chamar de seu, seja no barateio dos custos de produção o que geralmente passa também pela mão de obra.
Segundo reportagem do Uol Economia, no Brasil a situação ainda é pior para os roteiristas, a regulamentação, por exemplo, é inexistente. O roteirista no nosso país que escreve sua obra e vende para o serviço vende junto todos os seus direitos autorais.
Outra prática no Brasil é a contratação de roteiristas menos experientes que aceitam trabalhar por um valor menor para “entrarem no mercado”. Vamos combinar que isso não é exclusividade dos roteiristas, não é mesmo? Qual profissão hoje não passa por essa tentativa de diminuir o valor do profissional contratando profissionais mais jovens desesperados para terem a sua primeira chance e com isso forçar a disputa pela vaga em valores mais baixos? Isso sem falar nas condições do país em que o desemprego continua alto e os direitos trabalhistas esmigalhados. Nem venha com o papo de oferta e procura e de que o profissional mais apto sempre se estabelece, esse papo é bem legal para quem fica só de fora olhando. Voltando à greve dos roteiristas não é do nosso perfil criticar a greve dos outros e não será agora que o faremos. Esperamos que tudo se resolva da melhor maneira para os envolvidos, primeiro para que a galera tenha condições melhores de trabalho e de pagamento e segundo para não termos que passar por um período sem produções inéditas. Ainda estamos saindo de uma fase parecida devido a pandemia, outro período como esse seria um baque forte na indústria e para os consumidores. O que você? Vamos ter greve ou não?

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