“Luz nos Trópicos” chega aos cinemas brasileiros em uma estratégia ousada da Descoloniza Filmes, que vai contra a maioria dos planos dos distribuidores atuais, mesmo no circuito independente, que tem oscilado entre lançamentos no cinema e streaming.
O filme percorrerá o Brasil com sessões especiais, com a presença da diretora, proporcionando ao público uma experiência única, de imersão sensorial e artística. Trata-se de uma estratégia inédita no Brasil, em que a distribuidora brasileira se inspirou no lançamento do filme “Memória”, de Apichatpong, que após um circuito em festivais, percorreu os EUA com sessões únicas e especiais.
A turnê começa dia 15 de julho, em São Paulo, com uma sessão no Cine Marquise às 17h. Os ingressos podem ser adquiridos diretamente no cinema. Depois o filme segue por diversas cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.
A aclamada cineasta Paula Gaitán lança seu longa-metragem “Luz nos Trópicos” nos cinemas comerciais de todo o Brasil, após uma ampla jornada em festivais, que começou no 70º Berlinale Forum e percorreu inúmeros outros no exterior e no Brasil, dentre eles o 9º Olhar de Cinema – onde levou prêmio de Melhor Filme. Considerado o auge de uma jornada pessoal e criativa, o filme apresenta diferentes linhas do tempo, entrelaçadas pela cosmologia indígena, diários de viagem e literatura antropológica.
“Luz nos Trópicos” é um projeto de magnitude épica, com pouco mais de 4 horas de duração, Trata-se de um filme navegante, como um rio sinuoso. Um testemunho da rica vegetação das Américas e das populações nativas do continente, uma fusão intrincada de narrativas e estéticas, reforçando o talento de Gaitán como uma artista multidisciplinar, que rompe barreiras entre gêneros e alarga as fronteiras da percepção cinematográfica.
“A viagem fluvial foi inspirada pela expedição Langsdorff que refizemos parcialmente em 2018, muito menos ambiciosa que a expedição original. A grande inspiração para esse desafio, que é predominante na minha visão em ‘Luz nos Trópicos’, é a visão indígena, encarnada no personagem central do filme, Igor (Begê Muniz), que vai ao reencontro de seu povo, atravessa um continente congelado para retornar à sua aldeia localizada no Alto Xingu, na nação Kuikuro”, explica a diretora.
A partir de uma perspectiva latino-americana, a obra propõe uma discussão entre a luz européia, representada na história da arte, e a luz tropical, manifestada pelas culturas nativas. Em suma, é uma representação bastante complexa e intrincada do embate entre visões de mundo completamente diferentes.
Com uma carreira artística e cinematográfica de fôlego, Gaitán consolidou-se como uma das mais importantes cineastas contemporâneas em atividade. Sua obra desafia a linguagem do cinema, não apenas como uma expressão da realidade, mas como um veículo para se conectar com o sensorial.
“É um projeto que tem sua origem em 2003, de volta ao Brasil depois de alguns anos na Colômbia, minha primeira pátria”, diz Paula. “Luz nos Trópicos se impregna desde o início de uma experiência pessoal, um projeto errante a partir de uma vida errante, como a minha, em constante deslocamento, em busca desse lugar de pertença tanto geográfica quanto esteticamente.“, complementa.
Em “Luz dos Trópicos”, Gaitán explora a relação entre seu olhar e o que é observado, servindo seu próprio fluxo de imaginação em relação ao mundo que a rodeia. Para o público é uma oportunidade única de apreciar o filme em tela grande e vivenciar o êxtase cinematográfico proporcionado pelo trabalho de Gaitán.