Publicado em 04.10.2022
Cometeram um filme chamado Blonde

Nas nossas primeiras colunas optamos por não repetir o tema de um vídeo da mesma semana em que saía o texto, mas parabéns Blonde! Você conseguiu!

O filme estrelado por Ana de Armas, que por sinal é a única coisa que realmente presta na produção, chegou a Netflix com bastante expectativa, muito pela caracterização de Ana (ela outra vez) como Marilyn Monroe, mas também pelas polêmicas ao redor do filme. Pois bem, esses dois que vos escrevem pararam para assistir o filme e era melhor não ter assistido.

A obra de Andrew Dominik tem 2 horas e 46 minutos de duração e parece que até o final da produção o diretor não sabia o que fazer com o filme, talvez não saiba até agora. Uma série de filtros, cena desfocada, preto e branco duro, bebê no ventre, cores duras, cores desfocadas, bebê no ventre, câmera agitada, close máximo e bebê no ventre. Em defesa do diretor e co-roteirista é preciso dizer que o filme é baseado em um romance de mesmo nome, ou seja, a obrigação histórica inexiste para a produção. Isto escrito, nada justifica o que vemos na produção.

Nada justifica, mas talvez algo explique. O mesmo Andrew participou de uma entrevista e disse que Marilyn “foi uma explosão cultural no meio de filmes que ninguém assiste”, o diálogo continuou e o diretor disse de maneira incerta que o filme Os homens preferem as loiras é um filme com “vadias bem-vestidas”. Teria como dar certo?

Além de uma menina fraca e traumatizada que precisa chamar de “papai” qualquer homem que demonstre um afeto genuíno por ela e que se torna um poço de revolta descontrolada e drogada quando descobre que foi enganada por um companheiro, o filme transforma a sensualidade de Marilyn em vulgaridade desde que a fase adulta dela é iniciada. E aí talvez seja onde as coisas mais se complicam.

O filme se apoiará então na nudez de Ana de Armas com a desculpa de, na verdade não tem desculpa, é a nudez pela nudez, as mesmas situações poderiam ser abordadas de várias outras maneiras. A cena com Kennedy e o close presente nela, provavelmente ficará marcada na história e não por um bom motivo. Resta então apenas o registro da tentativa de fazer uma desconstrução de um ícone e infelizmente utilizaram um ícone que existiu.

No final das contas o filme que saiu era o filme que poderia sair tendo como diretor alguém que demonstrou desrespeitar o objeto principal da sua história e mesmo que sem intenção desrespeitou a sua atriz principal, mesmo que talvez ela não perceba isso. No final o diretor conseguiu fazer um filme sobre “vadias bem-vestidas”.

Valeu, até a próxima.

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