Programação traz, de forma inédita no país, artistas dos estilos afrobeats e amapiano – além da música tradicional do continente 25, 26 e 27 de Maio de 2023 – Rio de Janeiro
A África surge mais uma vez, por meio de suas filhas, filhos e filhes, como o norte e o sul do Back2Black. Nesta 11ª edição, o festival – que é apresentado pelo Instituto Cultural Vale e Shell, com captação via Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura – retorna com música, palestras, arte contemporânea, fotografia, teatro, moda, dança, literatura, rodas de conversa e gastronomia, desta vez, no Armazém da Utopia e no Parque Madureira. A programação começa na Zona Portuária no dia 25 de maio (quinta-feira), data em que se comemoram os 60 anos do Dia da África, com a série de conferências Pret’Utopias, que tem curadoria dos escritores angolanos José Eduardo Agualusa e Kalaf Epalanga.
Se quando o festival começou, em 2009, a música africana era apenas um nicho do eurocêntrico rótulo “world music”, agora, ela pertence ao mainstream lotando estádios e circulando pelos grandes festivais e festas das grandes metrópoles.
Antenado com tudo isso, o Back2Black traz ao Brasil, de forma inédita dentre os festivais do país, as novas sonoridades festivas que estão influenciando a música pop: os afrobeats (ou afropop), uma gama de ritmos eletrônicos diversos criados nas década de 2000 e 2010 que têm, em sua essência, batidas de matrizes africanas; e amapiano, ritmo eletrônico que, hoje, é considerado o “novo deep house” após balançar massivamente as pistas, e os quadris, na África e na Europa. Além disso, o B2B volta a trazer alguns expoentes de estilos musicais africanos já consagrados, como o jùjú, e o politizado afrobeat original, criado pelo gênio nigeriano Fela Kuti na década de 1960 – uma influência, inclusive, para os afrobeats.
SHOWS
No dia 26 (sexta), o Palco Orun é do rapper Emicida, que une seu flow com a musicalidade entre o R&B e os ritmos populares cabo-verdianos — como a morna, o funaná e o batuku — que o músico, compositor e ativista Dino d’Santiago (Portugal) herdou de seus pais. O palco também terá o multi-instrumentista, cantor e compositor Chico Brown convidando o também multi-instrumentista e compositor Mádé Kuti (Nigéria), neto de Fela Kuti – o que já deixa bem nítida a sua grande herança de família –, e que debutou em 2021 com o álbum “For(e)ward”. Também estarão presentes as batidas do renomado DJ, compositor e produtor de hip-hop James BKS (França), o filho do celebrado saxaofonista camaronês Manu Dibango (morto pela Covid em 2020) que une o seu talento com os beats à batida tradicional de povos originários camaronenses como o Douala, o Bulu e o Bikutsi – tendo com resultado o álbum “Wolves of Africa (Part 1/2)”, do ano passado. No Palco Aiye, As picapes da bombada DJ e produtora DBN Gogo (África do Sul), demonstrará o que fez o ritmo eletrônico amapiano se tornar, hoje, a nova queridinha dos clubs; e, em versão Sound System, o movimento cultural carioca Okupiluka, que divulga arte e música africanas em suas festas nas zonas Norte e Central carioca.
No dia 27 (sábado), os destaques do palco Orun são o músico e cantor Salif Keïta (Mali). Também conhecido como a “voz de ouro da África”, o ex-integrante do lendário grupo africano Les Ambassadeurs e também ativista por mais respeito e dignidade às pessoas com albinismo realiza apresentações memoráveis por onde passa ao entoar o seu som solar que une a musicalidade tradicional do povo mandinga com R&B, funk e jazz fusion. O palco também tem, pela primeira vez no Brasil, a cantora e compositora Tiwa Savage (Nigéria) com a sua musicalidade inspirada nos grandes nomes da Black Music dos anos 1990, como Mary J. Blige e Chaka Khan; e mais o furacão do pop brasileiro, Iza, com um show exclusivamente feito para a noite especial; e a suavidade romântica da jovem revelação baiana que saiu das redes sociais para o mundo, Agnes Nunes. No Palco Aiye, a cantora e compositora baiana Sued Nunes demonstra a sua ancestralidade e vivência através de suas canções carregadas de axé; o cantor, compositor e instrumentista brasiliense Hodari demonstra seu R&B romântico-erótico com pitadas de funk; e as carrapetas da carioca DJ Tamy garantem os grooves na pista.
Já no dia 28 (domingo), o festival aporta em um importantíssimo bairro negro do Rio, Madureira, e promove um grande intercâmbio musical entre África x Brasil
Além de tudo disso, durante o festival, também será lançado o Instituto Back2Black, para promover residências entre artistas africanos e afrobrasileiros, desenvolver trabalhos com refugiados e ampliar as vozes das comunidades quilombolas. As tendas e barracas da Feira Preta também apresentarão, de forma bem didática, a história e a riqueza por trás de criações gastronômicas africanas e afrobrasileiras, já que a fome nunca, jamais foi negra.
INGRESSOS
https://www.eventim.com.br/artist/back2black/
25, 26 e 27 de maio (quinta, sexta e sábado)
Armazém da Utopia. Boulevard Olímpico. Av. Rodrigues Alves 1.794 (Armazém 6), Gamboa.
28 de maio (domingo)
Parque Madureira. Rua Soares Caldeira 115, Concha Acústica, Madureira.